Projeto Boyebi: O impacto da literatura afrofuturista é finalista do Prêmio Led 2024

Alunas concluintes do curso de Enfermagem Integrado ao Ensino Médio, do Colégio Técnico de Limeira- COTIL/ UNICAMP, são as estudantes mais novas a serem finalistas do Prêmio Led, da Rede Globo.

As recém-formadas do Curso de Enfermagem Integrado ao Ensino Médio do Colégio Técnico de Limeira – COTIL/UNICAMP: Alice Lessa Teobaldo, Ana Lívia de Oliveira Cruz, Isabele Daderio, Hágata Mariana Cardoso Cruz, Hiara Rebeca Cardoso Cruz e Mariângela Siqueira da Silva, acompanhadas da Professora Orientadora Rosmari Aparecida Ribeiro, comemoram a conquista de serem as estudantes mais novas a estarem entre as 15 finalistas do Prêmio Led 2024.

O projeto tem como destaque sua abordagem inovadora, visto que, fazendo uso de narrativas afrofuturistas, valoriza a história e a cultura da população afrodiaspórica, e se propõe a levar empoderamento e resistência para os jovens negros brasileiros, contribuindo para o despertar e o fortalecimento da sua identidade.

Na fase decisiva do prêmio, uma iniciativa do Movimento LED – Luz na Educação, desenvolvido pela Rede Globo e pela Fundação Roberto Marinho, o Projeto Boyebi: o impacto da  literatura afrofuturista está classificado entre os 15 finalistas, os quais concorreram com 2301 inscrições.

A premiação visa impulsionar transformações que aceleram novas formas de ensinar e aprender, envolvendo gratuitamente estudantes, educadores e empreendedores.

A iniciativa das alunas teve início ainda em 2020, quando, a convite da Professora Rosmari, a Professora Doutora Elena Brugioni, do Departamento de Teoria Literária do IEL – Instituto da  Linguagem/UNICAMP, e pesquisadora do Kaliban, Centro de Pesquisa em Estudos Pós-Coloniais e Literatura Mundial (CNPq), apresentou seus estudos sobre literaturas africanas aos alunos do  COTIL. Desde então, o tema foi ganhando o interesse do público jovem do colégio.entro de Pesquisa em Estudos Ploniais e Literatura Mundial (CNPq).

Em 2022, as alunas e a professora orientadora começaram a desenvolver de forma mais sistematizada seus estudos na área da literatura afrofuturista, e foram selecionadas para o programa de  mobilidade internacional, financiado com recursos do convênio entre UNICAMP/SANTANDER, alocados ao Programa de Internacionalização da UNICAMP.

Dessa forma, em maio de 2023, elas embarcaram para a Universidade de Lisboa – ULisboa, em Portugal, onde tiveram contato com professores, pesquisadores e escritores, e, durante 15 dias, se  profundaram nos estudos das literaturas africanas. Na Faculdade de Letras da Ulisboa, foram acolhidas pela Professora Doutora Ana Mafalda Leite, poeta e pesquisadora sobre literaturas africanas em língua portuguesa, ligada ao CEsA – Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento. No CEsA, as alunas foram recebidas pela pesquisadora Jessica Falconi, atual Vice-Presidente do Centro e tiveram a oportunidade de conhecer as linhas de pesquisa em literaturas africanas, pós-coloniais e, onde se inspiraram para elaborar o Projeto Boyebi: o impacto da literatura afrofuturista, com que concorrem ao Prêmio LED 2024.

Ao voltar para o Brasil, as seis jovens estudantes se mobilizaram para implantar o projeto no próprio colégio, pois compreenderam que era preciso compartilhar as descobertas e contribuir para o  fortalecimento da identidade negra dos colegas e, quem sabe, levar o projeto para outras escolas da cidade de Limeira, da região, do estado de São Paulo e (quem sabe?) do Brasil.

O projeto Boyebi: o impacto da literatura afrofuturista foi pensado para provar que, por meio da literatura, é possível garantir representatividade, valorização da cultura negra, diálogo aberto sobre questões de identidade negra, desconstrução de estereótipos e interculturalidade. O termo afrofuturismo nomeia um movimento cultural, estético e político que se manifesta no campo da literatura, do cinema, da fotografia, da moda, da arte, da música, a partir da perspectiva negra, e utiliza elementos da ficção científica e da fantasia para criar narrativas de protagonismo negro, por meio da celebração de sua identidade, ancestralidade e história. Por essa razão, as meninas consideram que, no contexto educacional, o afrofuturismo pode ser uma ferramenta importante para promover a inclusão e a diversidade, já que oferece representação empoderadora de personagens e narrativas afrodescendentes.

O Projeto Boyebi se difere de qualquer outro, pois abre caminho para a busca de uma sociedade mais inclusiva e igualitária. Ao juntar educação, afrofuturismo e literatura, as autoras do projeto consideram que é possível estimular crianças e jovens a refletirem sobre diversos temas: racismo, preconceito, colonialismo, ancestralidade, reparação histórica…o que, com certeza, pode contribuir para a construção de um país menos desigual e mais inclusivo. O projeto se diferencia por ser precursor da luta étnico-racial, oferecendo condições para que os jovens negros e negras se sintam motivados a se engajarem com questões fundamentais sobre a história do povo brasileiro, revisando o passado para entender o presente,visando construir um novo futuro.

Na prática, o projeto é baseado em leituras de obras afrofuturistas, como Kindred, laços de sangue, de Octavia E. Butler; O céu entre mundos, de Sandra Menezes; e O último ancestral, de Ale Santos. As leituras e reflexões acontecem por meio de encontros periódicos, remotos e virtuais, abertos a toda a comunidade estudantil, o projeto promove a troca de impressões e reflexões sobre elementos da narrativa, aspectos históricos, culturais e filosóficos que contribuem para a descoberta da ancestralidade africana carregada por muitos jovens, mas desconhecida ou desconsiderada até então. Esses encontros são a oportunidade para estimular o pensamento investigativo, questionador e crítico sobre a história e a realidade que vivemos.

A população de Araras, Limeira, Campinas, Sumaré e região aguardam com expectativa o resultado do Prêmio LED, que promete reconhecer e destacar projetos inovadores e impactantes na educação, em cerimônia a ser realizada em abril de 2024.

 

 

 

 

 

 

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